A solidão e o tempo. Entre eles, ou dentro deles, a morte lenta. A melancolia como pano de fundo. Um e outro, a solidão e o tempo, escurecem os cantos das paredes, das casas, dos dias e da alma de um país (e das pessoas, por que não?). Até a Natureza, tão bela e rica, abate-se frente ao abraço da solidão e ao esquecimento do tempo. Na primeira estrofe, a solidão se espalha nas coisas e nos dias. Na terceira, a esperança passa pelas estações do ano como uma possibilidade. Ao fim, uma antítese do drama existencial: “morre-se devagar” e “depressa tudo se esquece”. Poema com ideias bem trabalhadas e tom entristecido. A autora é portuguesa. Seu blog é http://www.olharemtonsdemaresia.blogspot.com/ .
Morre-se de solidão no meu país
(Piedade Araújo Sol)
(Piedade Araújo Sol)
A solidão prolongada
Em forma de sombras
Neutras
Esbatidas
Infiltrada nas paredes
das casas fechadas – com gente dentro
e a noite a fechar o dia mais uma vez
duas vezes – muitas vezes
e morre-se devagar no meu país
as árvores no Outono estão nuas – esquálidas
no Inverno o frio magoa os ossos e a alma
mas talvez os melros cantem antes da próxima primavera
se o verão chegar todos os dias
no sol de uma tigela de sopa fraterna
morre-se devagar no meu país
e depressa tudo se esquece
(Obs.: a autora autorizou a postagem do poema acima.)
Em forma de sombras
Neutras
Esbatidas
Infiltrada nas paredes
das casas fechadas – com gente dentro
e a noite a fechar o dia mais uma vez
duas vezes – muitas vezes
e morre-se devagar no meu país
as árvores no Outono estão nuas – esquálidas
no Inverno o frio magoa os ossos e a alma
mas talvez os melros cantem antes da próxima primavera
se o verão chegar todos os dias
no sol de uma tigela de sopa fraterna
morre-se devagar no meu país
e depressa tudo se esquece
(Obs.: a autora autorizou a postagem do poema acima.)
sensibilizada por ver aqui este poema e a analise que fez do mesmo.
ResponderExcluirgrata!
um beij