Um
primor de poema. Parece uma construção de estrutura e acabamento
impecáveis. Ritmo agradável, aqui e acolá uma rima, métrica de
redondilha maior. Mas o mais encantador no poema é o tom
melancolicamente jocoso com que são expostos os desejos do eu
poético nas três primeiras estrofes. Na última, prevalece o
lamento. A temática do amor não realizado é abordado pela ótica
do desejo de (re)construir o que não pode mais ser (re)construído.
O poema é um pequeno edifício poético onde vive, no presente, um
eu, querendo um passado inexistente. Um primor!
Aniversário
(Afonso Estebanez)
Hoje
eu quero de presente
as
perdas que nós tivemos
daquele
encontro marcado
a
que não comparecemos.
As
marcas dos nossos pés
naquela
estrada impedida,
os
rumos daqueles passos
que
jamais demos na vida.
O
sonho que nem tivemos
e
o que temos sem querer
ao
acordarmos de sonhos
que
sonhamos sem saber.
Ternuras
para o consumo
das
nossas almas abertas
ao
instinto mais profundo
de
nossas vidas desertas.
Ô!
rosa que não me deste
esta
flor ausente em mim
ô!
o crepúsculo apagando
tão
cedo no meu jardim...
Obs.: foi solicitada
autorização ao autor. No entanto, não houve resposta. Caso o
autor tenha alguma objeção à postagem do poema acima neste blog,
que comunique através do e-mail jberna68@gmail.com.br. De qualquer forma, este blog agradece ao autor a existência do poema.