terça-feira, 21 de junho de 2011

Relógio, de Ligia Tomarchio

Segue outro poema colhido na internet. Trata-se de uma reflexão feita a "fogo e ferro" sobre o tempo. Este é visto como uma espécie de martelo existencial, que bate, espanca e faz sangrar. O ser humano parece viver sob a dor da impotência perante o(s) tempo(s) que a tudo estilhaça(m). O humano parece reduzido a uma vida biológica que não resiste à morte das horas. Vamos ao poema.



RELÓGIO


(Ligia Tomarchio)






As horas batem


os minutos espancam


e o reflexo que ora vejo


estampado no tempo


relembra uma juventude


calcada nos extremos


cunhada em fogo e ferro


insanidade premente.




Nas pregas e vãos do pensamento


esquecidos lamentos


manchas senis do tempo


temperam a canja morna


o chá amargo da vida


esquecida sob o leito


onde escondidos estão todos os tempos.




Máquinas, fios, oxigênio


pontiagudas palavras tremulam


teimam em sair da boca úmida


já cansada de muito engolir.




Horas, minutos e segundos infinitos


estilhaços atemporais sem cor


só a dor encarnada responde aos olhos


redondos e secos botões


murchando a vida aos poucos


término de mais uma faceta


do poeta em vôo pleno e certo


pinçado em meio a tantos galhos.




Na escuridão do medo


ainda procura a luz naquela cortina


mina o sangue das paredes verdes


biologia do amor perverso


no gritar das horas mortas.




(Obs.: a autora autorizou a postagem do poema acima.)

Encantoado - 1º poema no blog

O poema abaixo não foi enviado por nenhum usuário. A rigor, ainda não houve nenhum visitante. Não importa, as palavras estão aí (ou aqui) neste "Mundo mundo vasto mundo" da internet. Um dia algum desavisado resvalará seus olhos por estas bandas, e o ciclo se completará.
Como dissse acima, o poema não foi enviado ao blog, mas existe autorização para divulgação, desde que citados autor e fonte.
É um belo poema, onde a aliteração das palavras-chaves "canto" e "encanto" presta bons serviços ao jogo de sentidos ao longo do poema. O final (fechamento do poema) é ludicamente melancólico. Vamos ao texto, que é o que realmente interessa. O resto é conversa fiada.





Encantoado



(José Claudio Bruno)







Num canto, canto seu encanto.



Noutro canto, canto e canto.



Recanto, com meu canto bem no canto.



Mas o encanto, canta, outro canto.







No meu canto, canto o desencanto.



O que encanta, encantos, noutros cantos,



Que cantam canto pro meu canto,



O que me desencanta, pois não são meu encanto.






Volto pro meu canto, sem canto,



Atrás de um novo encanto.



Canto encantos aos quatro cantos,



Um encanto, dois encantos..., cinco encantos..., DEZencanto!






Fonte: http://mundo-das-poesias.blogspot.com/search/label/Jos%C3%A9%20Claudio%20Bruno

Data: 20.06.2011.





domingo, 19 de junho de 2011

Vídeos poéticos



Primeiras palavras

Há muitos e interessantes blogs e sites que divulgam as poesias de usuários diversos. Na verdade, há centenas com esse fim, inclusive. No entanto, este blog traz a todos a proposta de podermos exercer nossa atividade crítica em relação à poesia. Aqui, vamos postar poemas selecionados por terem despertado algo de interessante no sagrado ato de ler. Essa seleção se justifica pela necessidade de se fazer uma triagem sobre o que é publicado neste blog, para que possamos usufruir do melhor que cada um puder criar. Estamos abertos a sugestões para tornar o blog mais interessante e interativo.

O convite está posto e destina-se a todos, poetas e poetisas de todos os estilos e idades.