quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

O Tempo, de Agamenon Almeida

O tempo fugidio. O tempo que entristece a todos os rostos. Parece inesgotável essa capacidade do ser humano de sempre se abismar (e se desgostar) com as marcas do tempo na sua breve existência. Tanto já se escreveu sobre o tempo, mas parece ter sempre algo novo, alguma maneira nova nova de exprimir a mesma dor. O tempo, o amor, o exílio, o destino e a morte são temas eternos na aventura humana de nascer, viver e morrer. São os cinco martelos existenciais por excelência. No poema, depois de uma sequencia de desgostos, tem-se a impressão de que ainda há esperança, pois “Fingimos que temos o tempo na mão”. Mas o tempo é impiedoso. Bastaria, pois. Então vem a morte. A martelada existencial muda apenas de mão.


O Tempo
(Agamenon Almeida)


O tempo passa e passa tão depressa
Que nem sempre é possível acompanhar
Fingimos que temos o tempo na mão
E não vemos, aflitos, o tempo passar

Mas quando a gente se olha no espelho
E não mais reconhece o próprio rosto
Desfigurado que foi pelo tempo
Só se sente um amargo desgosto

Olhado pra traz, quase nada foi feito
E não tem mais jeito do tempo voltar
Então só se chora o tempo perdido
Por não ser possível mais nada mudar

Então se agarra ao que resta da vida
Achando que agora tudo pode fazer
Que às vezes se esquece que lá na esquina
Espreita-nos a morte, pondo tudo a perder.



(Obs.: o autor autorizou a postagem do poema.)

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