segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Sarita, de Macabéa de La Mancha

O poema passeia por necessidades do eu poético até as últimas duas estrofes, quando o objetivo (subjetivo?) se apresenta. Avulsa, vadia, se vestia e tinha medo. Os sentimentos caminham do levemente indefinido/indeterminado (avulsa) ao dolorosamente entranhado (o medo). Um eu em conflito com os sentimentos (“Do amor, expulsa” e “Em tantas bocas, confusa”), mas que se expõe ao mundo e ao amor, pois precisa enfrentar o medo. E o corpo é o instrumento. Tanto para o amor quanto para encontrar a própria alma.
Sim, não se pode deixar passar a criatividade do pseudônimo da autora, Macabéa de La Mancha.
Belos, poema e pseudônimo!


Sarita
(Macabéa de La Mancha)


Preciso dizer que andei avulsa
Que andei tardia
Pelas noites que ia
Do amor, expulsa.

Preciso dizer que andei vadia
Que me causei repulsa
Pelos beijos que daria
Em tantas bocas, confusa.

Preciso dizer que me vestia
Do vestido mais curto
E pintava os olhos de preto

Pra não dizer que tinha medo
De ser pelo amor negada
E permanecer do amor, segredo.

Para tentar encontrar minha alma
Em um corpo que não era o meu.


(Obs.: a autora autorizou a postagem do poema acima.)

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