Pequeno poema que muito expressa acerca do amor e da existência. Pode ser resumido numa simples constatação: a de que somos apenas corpos à procura de corpos para o preenchimento de mútuos vazios. Na caminhada do viver, há algumas pedras no meio do caminho: o próprio vazio, a repulsa, o desvio e o tempo que apaga nossas pegadas. Os termos científicos (matéria, núcleos, partículas) remetem a uma objetividade supostamente universal. No entanto, essa objetividade existe dentro da subjetividade do eu poético. Poema reflexivo, mesmo na brevidade. Triste, matando toda e qualquer objetividade no fazer poético. Belo!
Derivados
(Juçana Corrêa)
então somos isto:
este emaranhado
de matéria à procura
de outra matéria
contra a qual se chocar
…mas o vazio dos núcleos
…mas a repulsão das partículas
…mas o desvio das rotas
enquanto nossas pegadas
na areia da praia
se desmancham
na nova maré
(Obs.: a autora autorizou a postagem do poema acima.)
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