sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Ária e Coral, de Marcantonio


Poema trazido das viagens virtuais pelos blogs da vida. No poema abaixo, impossível não ver, no eu poético, um outro eu tão comum nos dias de hoje: aquele que descobre, remove e destrói montanhas, muitas vezes meio sem saber por qual motivo ainda insiste em continuar determinadas buscas. O eu do poema, lúcido na própria loucura, encontra a razão de seu canto ao se saber ser “um” ante e diante do “outro humano”. Poema bem estruturado semanticamente.





ÁRIA E CORAL
(Autor: Marcantonio)







(Para Tânia R. Contreiras)

Não canto para encantar as frontes
Nem para abafar o incêndio das pálpebras,
Ou para fazer nevar entre os lábios,
Ou para amortecer o tremor dos queixos.

Canto porque não sei eu mesmo
Chorar ou rir sem cantar,
Como uma engrenagem que range,
Como uma planta que se volta para o sol
Sem intenção de se iluminar.

E eu cantaria sozinho ou louco
Não fosse o canto ele próprio
Um ninho para o humano outro.




(Obs.: o autor autorizou a postagem do poema acima.)

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