O título do poema já nos remete à delicadeza. E desta é feita esse belo poema. Tudo (es)corre sem pausas formais, sem amarras ou fricções. Um olhar pequenino e atento sobre cenas de infâncias muitas e diversas. Fundem-se, sem dor ou rejeição, fios, nós, sopros, poças, casas, águas e lembranças humanas, demasiado humanas.
PORMENOR
(Virgínia Boechat)
olha bem aqueles fios
quase um nó muito pequeno
e de vestido vermelho quase
um ponto no canto da praia
uma praia num canto da casa
nenhuma e nenhum sopro
desmancha as tranças
enquanto corre ri e faz contas
numa infância de tinta
como todas são como a minha
no vento do parque das mangabeiras
mas olha bem que é tênue e escapa
a faixa de areia onde ela brinca
e pula e pisa e dispersa as poças
que paradas mostrariam casas
e ela sendo Clarisse, Maria, Leonor e Lia
a reconheceremos ao lado
de durar e o mar talvez
talvez o mar ali sejamos nós
(Obs.: a autora autorizou a postagem do poema acima.)
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